Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

QUANTO MAIS QUENTE MELHOR

QUANTO MAIS QUENTE MELHOR

NUNCA POR CALADOS NOS CONHEÇAM

Uma questão de verticalidade

 

 

            Confesso que desconheço qual será a disposição legal que eventualmente permita às mais altas Chefias das Forças Armadas punir ou tentar punir os militares na situação de reforma. Mas também confesso que, como se costuma dizer em linguagem comum, “me estou nas tintas” para isso. E nem sequer me sinto obrigado a conhecer os regulamentos internos de uma instituição na qual já não sirvo há quase duas décadas. Mais ainda: do Regulamento de Disciplina Militar (RDM) já muito pouco me resta na memória, embora me lembre vagamente de que, uma das suas disposições, talvez a mais ignorada, mandava tratar os “inferiores” com moderação e benevolência. Não sei se esse artigo ainda consta nesse Regulamento…
            Em todo o caso, mesmo que essas Chefias tenham nas mãos ferramentas eficazes para punir militares reformados, o que duvido, manda o mais elementar bom senso que se abstenham de tal procedimento. Tudo porque, ao fazê-lo, se cobrem de ridículo e, consequentemente, desprestigiam as Forças Armadas. Por um lado, reclamam-se os únicos e legítimos defensores dos militares sem excepção (e com isso justificam a sua firme oposição ao sindicalismo) mas, por outro, incapazes de defender seja quem for, querem amordaçar as vozes discordantes, que outra coisa não fazem que não seja defender a sua dignidade e os seus legítimos direitos.
 
            Por mais incrível que pareça, está em curso um processo disciplinar contra um distinto oficial da Força Aérea, o coronel reformado Alves de Fraga porque, no seu blogue “Fio de Prumo”, se limitou a ser eloquente ao manifestar a sua indignação pelo péssimo desempenho de alguns serviços do Hospital da Força Aérea. Serviços esses que constituem uma vergonha que urge denunciar. Foi duro nas suas palavras, é verdade, mas já ninguém acredita que com paninhos quentes se consiga melhorar seja o que for. Perante isso, o CEMFA só tinha um caminho: assumir-se como verdadeiro Chefe e empenhar-se pessoalmente na resolução do caso, mesmo que, para tal, desagradasse ao poder político.
            É que não há boa Chefia sem um mínimo de verticalidade. E um homem vertical não pode ser meigo perante os superiores e implacável com os subordinados. Isso tem nome e chama-se cobardia.

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.